O fator mais importante para garantir o sucesso na adoção de qualquer ferramenta de altmetria é o uso de um identificador digital único para os artigos, como o Digital Object Identifier (DOI).
As ferramentas de altmetria utilizam identificadores únicos para coletar dados (como o DOI para artigos e ORCID para autores), pois sem um identificador único, é difícil rastrear e medir de forma inequívoca a produção de um autor ou o desempenho de um artigo. Porém, nem sempre a produção acadêmica ou o autor contam com um identificador único, e muitas vezes sequer têm seus metadados disponíveis para captura automática na web.
Algumas ferramentas de altmetria permitem que se use a URL como ponto de referência para a captura de citações, porém isso está longe de ser o ideal. Por exemplo, se o mesmo artigo for publicado no site de uma revista sem DOI, em um repositório institucional e no site do autor, seria necessário rastrear o acesso a essas três URLs e manualmente somar o número de visitas e downloads das três páginas para obter métricas de uso do artigo.
No Brasil, um dos grandes desafios que enfrentamos para a adoção das métricas alternativas vem das limitações técnicas devido à falta de padrões na produção editorial dos periódicos acadêmicos. Para se ter uma ideia, em 2014, dos 32 periódicos da área de Ciência da Informação publicados no Brasil, somente 5 títulos possuíam DOI associado a seus artigos (NASCIMENTO; ODDONE, 2014).
Essa situação caminha de mãos dadas com o fato de que somente uma pequena parcela das publicações científicas brasileiras está indexada em bases de dados internacionais, como a Web of Science, PubMed e Scopus, que exigem a adoção de padrões internacionais — como por exemplo, o uso de um identificador único como o DOI. Nesse caso, a ausência de padrões reduz as chances de exposição tanto aos serviços de citação tradicionais como à obtenção de dados de métricas alternativas usando as ferramentas de altmetria atuais (ARAÚJO, 2014).
Mesmo assim, ainda existe a necessidade de convencer os editores científicos e as instituições acadêmicas brasileiras sobre a importância da padronização e da qualidade dos metadados de suas publicações.
No Brasil, os periódicos científicos podem solicitar o registro DOI na CrossRef – uma das agências responsáveis pelo registro de atribuição do DOI aos periódicos – através da Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC). Os periódicos afiliados à ABEC são isentos da anuidade de afiliação na CrossRef, devendo arcar somente com os custos de registro de nome DOI por artigo publicado.
Caso o periódico tenha seus artigos publicados em mais de uma plataforma (por exemplo, periódicos indexados na SciELO que também publicam seus artigos no site próprio da revista e/ou no repositório institucional), é importante garantir que seja atribuído um único DOI a cada artigo, associando-o a todas as URLs onde o artigo esteja hospedado, para que o usuário escolha qual versão do documento deseja acessar (BRITO, 2015).
ARAÚJO, Ronaldo Ferreira. Cientometria 2.0, visibilidade e citação: uma incursão altmétrica em artigos de periódicos da Ciência da Informação. In: Encontro Brasileiro de Bibliometria e Cientometria, 4., 2014, Recife. Anais… Recife: UFPE, 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1047057>. Acesso em: 20 jan. 2015.
BRITO, Ronnie Fagundes de et al. Guia do Usuário do Digital Object Identifier. Brasília: IBICT, 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/ 10.21452/978-85-7013-112-6>. Acesso em: 29 fev. 2016.
NASCIMENTO, Andréa Gonçalves; ODDONE, Nanci. Uso de indicadores altmétricos na avaliação de periódicos científicos brasileiros em Ciência da Informação, In: Encontro Brasileiro de Bibliometria e Cientometria, 4., 2014, Recife. Anais… Recife: UFPE, 2014. Disponível em: <https://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.1146279.v1>. Acesso em: 27 nov. 2015.