As mídias sociais podem ajudar pesquisadores e editores a amplificar os resultados da pesquisa, aumentar sua visibilidade, abordar novos públicos, orientar os leitores para publicações e temas relevantes e, potencialmente, até gerar mais citações no futuro (BARROS, 2015; HOLMBERG, 2016).
Porém, para que isso aconteça, é preciso mudar a própria cultura da comunidade acadêmica, cuja baixa participação nos ambientes e ferramentas online não acompanha a realidade atual das novas tecnologias e práticas de produção, uso e avaliação da pesquisa acadêmica. Nessa mudança devem estar envolvidos pesquisadores (aumentando a presença online e o uso profissional de redes sociais), editores (investindo na presença em redes sociais e marketing digital), universidades (modernizando os sistemas de avaliação e reconhecimento acadêmico) e órgãos de fomento (com o estabelecimento de novas políticas).
Segundo Holmberg (2016), os estudos sobre o uso de ferramentas de mídia social por pesquisadores mostram que não são muitos os acadêmicos que estão utilizando essas ferramentas extensivamente na sua comunicação científica ou para outras atividades acadêmicas, embora aqueles que as estão usando reconheçam que elas são benéficas para o seu trabalho. Tanto assim que, embora o uso dessas ferramentas para fins de disseminação científica seja modesto, nota-se que pesquisadores que possuem perfil em uma rede social acadêmica são mais propensos a criar perfis em outras (BARROS, 2015; MAS-BLEDA et al, 2014).
No Brasil, na área da Ciência da Informação, por exemplo, Barros (2015) observa a baixa presença online de pesquisadores e indica que eles “não estão utilizando plataformas web como extensão de seu trabalho, inibindo a adoção plena de altmetria e abrindo mão de proporcionar um apoio adicional na utilização de plataformas que facilitam a produção e comunicação de conhecimento”. Mesmo o uso de ferramentas altamente popularizadas como Twitter e Facebook ainda é tímido entre pesquisadores, sendo mais usados para fins pessoais do que para atividades de compartilhamento profissional.
Esse comportamento se reflete nos baixos índices de ocorrência de menções online aos trabalhos acadêmicos nacionais. Um estudo realizado por Alperin (2014) analisando os artigos publicados em 2013 na coleção SciELO Brasil e os dados de citação obtidos da ferramenta Altmetric Explorer revelou que somente 7,95% dos artigos da SciELO tinham gerado qualquer tipo de atenção online, sendo a fonte mais significativa de menções o Twitter, o que está em linha com os resultados de outros estudos similares focados em periódicos científicos brasileiros (NASCIMENTO; ODDONE, 2014; ARAÚJO, 2014). Em comparação, Alperín ressalta que em um estudo com artigos publicados nas bases de dados Pubmed e Web of Science em 2012, mais de 20% dos artigos foram mencionados pelo menos uma vez no Twitter, uma média quase três vezes mais elevada do que o aferido nos artigos da SciELO Brasil.
Autores e editores científicos devem estar cientes de que é sua responsabilidade promover a visibilidade e o uso da sua produção acadêmica, inclusive com o auxílio das mídias sociais, pois o atual ciclo da comunicação científica não termina com a publicação dos resultados de pesquisa, mas continua com o compartilhamento online e a medição do seu impacto em diversos níveis.
Isso significa ir além da contagem de citações e também monitorar quando, onde e por quem a produção acadêmica está sendo visualizada, compartilhada e discutida na web, por meio de ferramentas de altmetria.